quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Resenha Crítica | O Abraço da Serpente (2015)


O Abraço da Serpente (El abrazo de la serpiente)
El abrazo de la serpiente, de Ciro Guerra
Em seu terceiro longa-metragem, o cineasta de 35 anos Ciro Guerra se submete a um desafio que não deve em nada às dificuldades tão alardeadas por Alejandro González Iñárritu com o seu “O Regresso”. Em “O Abraço da Serpente”, Guerra vai contra todos os imprevistos gerados pela natureza ao ambientar toda a sua narrativa em solos indígenas profanados por “invasores” que arruinaram gerações de costumes e crenças.
O filme se estrutura em dois tempos distintos, um modo de dar conta das pesquisas extraídas a partir dos diários de expedições dos cientistas Theodor Koch-Grunberg e Richard Evan Schultes. Xamã da região amazônica da Colômbia, Karamakate é o elo entre os dois personagens, tendo acompanhado Theodor (Jan Bijvoet) em meio a uma série de conflitos enquanto vivido por Nilbio Torres e o etnobotânico americano Richard (Brionne Davis) na velhice e desorientado quanto a própria cultura – Antonio Bolivar o interpreta nessa fase.
Primeira produção colombiana a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, “O Abraço da Serpente” se esquiva da narrativa de interesse antropológico ao focar mais nas consequências do que na contemplação de um cenário e a sua exploração. Theodor é visto pela primeira vez como um senhor adoecido, clamando a Karamakate por uma cura. Por outro lado, a busca de Richard pela Yakruna, a mais sagrada das plantas, parece mais um espelho que reflete o passado de  Karamakate e o seu mundo em transformação.
A fotografia em preto e branco de David Gallego confere ao filme uma atmosfera exótica e há grandes momentos desconcertantes, como quando Theodor tem a sua bússola tomada por uma tribo indígena e tem dificuldades em reavê-la para não provocar uma desordem nos métodos que ela recorre para se orientar diante do vento e o tempo. O que impede a “O Abraço da Serpente” em provocar uma forte impressão é certa desarmonia entre períodos, bem como os minutos finais lisérgicos que se furtam em concluir as trajetórias de seus personagens centrais.
FONTE>  http://cineresenhas.com.br/2016/02/23/resenha-critica-o-abraco-da-serpente-2015/

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