quarta-feira, 4 de maio de 2016

Resenha Crítica | Coração Sangrento (2015)

Coração Sangrento (Bleeding Heart)
Bleeding Heart, de Diane Bell
Embora esteja em um relacionamento de muita cumplicidade com Dex (Edi Gathegi) e tenha uma mãe adotiva, Martha (Kate Burton), que a criou com muito amor, há um vazio em May (Jessica Biel) na qual parece incapaz de suprir. A razão é a sua mãe biológica, que sequer conheceu. Os laços familiares deverão ser atados com mais firmeza quando May se apresentar à Shiva (Zosia Mamet), que tudo indica ser a sua irmã que finalmente localizou.
Shiva não é diferente de May somente na idade (é 10 anos mais jovem), mas em todos os demais aspectos. Enquanto May, uma instrutora de ioga, é exemplarmente organizada e pacífica, Shiva é instável e refém de um namorado, Cody (Joe Anderson), que a submete em atividades obscuras. Ainda assim, há em May aquele instinto protetor natural em irmãs mais velhas, recusando-se a recuar diante das ameaças de Cody contra Shiva.
Em seu segundo longa-metragem, Diane Bell acertou ao confiar o papel de May à Jessica Biel, que recentemente vem descartando os papéis de interesse romântico para privilegiar uma verve mais densa. A atriz torna crível a saída de sua personagem na redoma em que vive para resgatar a irmã que mal conhece e cujas verdadeiras intenções desconhece.  Há também espaço para uma fragilidade que dita a fuga de um perigo que a princípio se vê incapaz de enfrentar.
Coração Sangrento (Bleeding Heart)
Também há virtudes no texto de “Coração Sangrento”, que sugere que May também está enclausurada em uma vida na qual a voz masculina é quem assume a liderança de suas ações. Ainda que Dex seja um homem de boa índole, a sua insistência em impedir que May saia dos trilhos de um cotidiano milimetricamente planejado para priorizar Shiva indica que ela nunca teve um poder individual de decisão.
Por tudo isso, não há como não lamentar que “Coração Sangrento” chegue ao seu terceiro ato perdendo toda a sua credibilidade, desfazendo-se de um drama até então muito bem resolvido para apostar na ambiguidade de Shiva e enveredar para um conceito feminista sobre as reações extremas para derrubar uma ameaça masculina. No desejo em elevar as intenções então seguras de seu argumento, Diane Bell as resolve com um tom quase caricatural incompreensível.

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