segunda-feira, 31 de outubro de 2016

[Crítica] A Garota do Livro

 

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Escrito e dirigido por Marya CohnA Garota do Livro estreou em 2015 dando um fôlego de originalidade da história à uma indústria que atualmente se baseia seus roteiros em outras mídias.
Uma jovem editora de livros é forçada a lidar com um autor de bestseller que a fez passar pelo maior trauma da sua vida no passado.
Dividido entre o passado e o presente, o roteiro de Marya Cohn consegue se estruturar em bons personagens, principalmente na protagonista Alice. O seu grande trauma é construído aos poucos assim que ela tem o encontro com Milan e serve como ligação com o passado em bonitas cenas que vão revelar um dos maiores pesadelos que uma jovem pode ter. Alice é no fundo uma batalhadora, que apesar de ainda possuir uma grande ferida aberta e ser controlada pelo seu pai, consegue seguir com a sua vida.
Porém na parte final do filme o roteiro se perde nas ações sem fundamento da protagonista. Alice que estava até então se livrando do trauma de Milan e do controle de seu pai para se tornar de vez uma mulher independente, tenta através de escolhas bobas reconquistar o seu interesse romântico, modificando radicalmente o tom da personagem e do próprio filme, que deixa de ser um drama profundo para finalizar o filme com uma comédia romântica.
A direção de Marya Cohn conseguiu construir uma narração visual através de bons enquadramentos e a direção do elenco no geral é satisfatória. Porém a sua consistência falha ao escolher mal e não conseguir trabalhar direito com as duas atrizes que interpretaram Alice, que acabam por prejudicar o trabalho final em um filme que poderia ser muito melhor do que é.
Emily Vancamp se esforça e até consegue obter alguma entrega na atuação, mas a sua limitação como atriz prevalece, igualmente Ana Mulvoy-Ten, a sua versão mais jovem. Quem segura o filme é o sempre bom Michael Nyqvist (o Mikael Blomkvist da trilogia sueca Millenium) e Ali Ahn, que interpreta a melhor amiga de Alice. Destaque ainda para Michael Cristopher e Talia Balsam que dão vida aos pais de Alice.
A fotografia de Trevor Forrest tem tons marrons e azuis no presente, deixando um ar mais naturalista e de sepia para retratar o passado, deixando um onírico que conseguiu servir como as lembranças ruins de Alice. A edição de Jessica Brunetto é fluida e deixa o filme com um bom ritmo, que apesar de ser um pouco mais lento, não é maior do que deveria.
A Garota do Livro tem o mérito de ser uma história original que pode agradar a quem deseja fugir de adaptações.
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