segunda-feira, 10 de abril de 2017

Resenha Crítica | Eu Te Levo (2017)

Eu Te Levo, de Marcelo Müller
Obviamente, Marcelo Müller já estava produzindo “Eu Te Levo” quando a crise de desemprego que atinge mais de 12 milhões de brasileiros se transformou em pauta diária dos jornais. Portanto, o realizador, que tem alguns créditos como roteirista e estreia agora na direção, vê o seu filme chegando aos cinemas contando com um interesse extra do lado de fora de sua ficção.
Isso acontece porque o personagem interpretado por Anderson Di Rizzi, Rogério, é um rapaz prestes a completar 30 anos que vive em Jundiaí em busca de uma vocação e que se vê aprisionado pelas pressões em ter uma estabilidade profissional. mesmo que para isso precise negligenciar a tão importante realização em ter prazer com aquilo que executa. No caso de Rogério, é de sua responsabilidade prosseguir tocando um pequeno comércio de materiais hidráulicos, herança deixada pelo seu pai recém-falecido.
Sem revelar nada para Marta (Rosi Campos), a sua mãe solitária e que se intromete com o fervor característico de quem tem filho único, Rogério inicia os estudos para se tornar um bombeiro. No entanto, é preciso que preste o concurso para a polícia federal, pois só assim conseguirá exercer posteriormente a função.
O convívio com o jovem Cris (Giovanni Gallo), vizinho a quem dá carona para São Paulo que também faz algo às escondidas, permite ao protagonista repensar ainda mais a sua posição no mundo, fazendo crescer um conflito interno entre um desejo de liberdade que o faria abrir mão de tudo ou a de seguir um rumo aborrecido e sem surpresas. É uma jornada amarga, como bem ilustra a fotografia em preto e branco de Jacob Solitrenick, diretor de fotografia com o qual Anna Muylaert trabalhou em seus primeiros filmes.
Mesmo diante de um drama crível que poderia (ou está sendo vivido) por qualquer um, Müller acaba recorrendo a intervenções em formas de personagens secundários que enfraquecem a dramaturgia de “Eu Te Levo”, seja no relacionamento padrão com uma mulher, Ana (Gabriela Palumbo), que conheceu por intermédio de Cris, seja numa interação verbal conflituosa com um sujeito que trabalha com ela sobre a ação por vezes irresponsável de policiais. Uma premissa boa a oportuna lamentavelmente desperdiçada pela falta de um ponto de destino mais sólido.
Data:
Filme:
Eu Te Levo
Avaliação:

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