terça-feira, 18 de julho de 2017

Resenha Crítica | Mulher do Pai (2016)


Mulher do Pai, de Cristiane Oliveira
Muito além de uma fase de descobertas, a adolescência é também o momento em que os planos para o futuro começam a ser raciocinados, norteando decisões sobre vocação, família e independência. Mas nem todos conseguem traçar os próprios passos, muito pelo contexto em que estão inseridos.
Estreia de Cristiane Oliveira na condução de um longa de ficção, “Mulher do Pai” concentra em Nalu (Maria Galant) o peso de abrir mão de sua própria liberdade para exercer o papel praticamente de uma dona de casa. Isso acontece por conta do falecimento de sua avó Olga (Amélia Bittencourt), deixando como herança a responsabilidade de cuidar sozinha de seu pai cego Ruben (Marat Descartes) e da casa que habitam.
Ambientada na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, a trama se apropria dessa geografia para tratar justamente das transições de Nalu, principalmente da inocência da juventude para a aridez do amadurecimento. São impasses lidados como dilemas no texto também assinado por Cristiane Oliveira, pois Nalu aos poucos vai percebendo a invasão de um espaço que anteriormente não tinha interesse em ocupar, dada com a intromissão de sua professora Rosario (Verónica Perrotta) como uma figura materna indesejada.
A melhor provocação feita por “Mulher do Pai” está em explorar os limites do relacionamento entre pai e filha. Há anos vivendo na escuridão e com garotas de programa ocupando secretamente a função de parceiras esporádicas, Ruben acaba respondendo de modo bem inadequado à puberdade de Nalu, trazendo tensão ao marasmo.
Lamentavelmente, é o máximo que o filme tem a oferecer em sua tentativa de sair do lugar comum. É como se o desencanto de Nalu por tudo que a cerca fosse traduzido com acontecimentos mal-ajambrados, como o relacionamento com um rapaz “de fora” e o destino ao qual ela finalmente opta por rascunhar.
Data:
Filme:
Mulher do Pai
Avaliação:

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